quarta-feira, 23 de abril de 2008

O show do Mestre Wágner Segura

Pouco tempo depois que passei a viver em Floripa, tive o prazer de estudar cavaquinho com o Mestre Zequinha, que tinha uma Escola de Música, ali na Rua Padre Roma, quase na Rio Branco, em Floripa. Lamentavelmente não lembro o ano, mas creio que foi entre 1983 e 1984. Ali conheci, mas sem ter tido contato pessoal, Wágner Segura. Um violonista que fazia o "sete cordas" nos grupos de chorinho de Floripa, na época.

Passados alguns anos, com meu ingresso na Escola de Samba Consulado, em 1986, tive um maior contato com ele que sempre estava à frente da parte dos arranjos e apresentações dos concursos de samba, promovidos pela Escola. Com o tempo fomos ficando amigos e mais ligados. Foi o responsável pelo belíssimo arranjo da primeira gravação da canção "Deixa que te Ame", na voz de Maria Helena. A canção é uma parceira minha com o Elias Marujo e foi vencedora de um concurso de samba de quadra da Consulado em 1989. Lembro que desta gravação também participou o tecladista Maurício, que já integrou o Grupo Expresso e mais recentemente, o Eletric Circus, e que lamentavelmente nos já nos deixou , vítima de um câncer de pele.
Wágner e´um instrumentista caprichoso e que sempre esteve envolvido com a divulgação da música e a promoção de espetáculos de qualidade em Floripa. Já realizou arranjos de inúmeros trabalhos gravados por muitos artistas locais e sempre é chamado a acompanhar os grandes nomes nacionais que aportam por aqui , nas suas apresentações. Já fui a vários shows cuja responsabilidade musical estava a seu cargo. Sempre a mesma segurança, o mesmo capricho nos arranjos e execuções. Um grande músico, enfim!

Quem tem o cd "Uma Rosa no Meu Jardim" sempre elogia os arranjos das canções, três delas com participações minhas na parceira com o Elias Marujo . Pois saibam que todos aqueles belíssimos arranjos são de autoria do Wágner Segura.

Além de tudo isso, dedica-se, no seu dia-a-dia a formação de novos talentos, através do Centro Musical Wagner Segura. Eu mesmo estudo lá agora, nesta minha nova fase de aposentado. Não serei jamais um talento, mas já engano direitinho, dizem por aí....

Gostaria de convidar a moçada do Blog a ver e ouvir este talento num show que vai rolar na próxima quarta-feira, dia 30 de abril, no Teatro do CIC, em Floripa. No ano passado seu show foi um espetáculo que contou até com dançarinos de tango. Para este , intitulado "Encontro", o mestre Wágner ensaia peças de diversos gêneros musicais, tais como choro, samba, frevo, tango e clássicos de compositores como Villa Lobos, Pixinguinha, Jacob do Bandolin, Piazzola, Cartola e Baden Powell, entre outros. Participam do show, também, diversos músicos da cidade como Bebê (acordeon), Joel (sax), Janet (voz), e artistas da dança.

O ingresso custa R$28,00 e pode ser adquirido na Fruta Flor (Rua Arno Hoeschl, 243 - tel.: 3225-0175), Calcanhar de Aquiles (Travessa Stodieck, 34 - 3223-5543), Essstrondo (Rua Almirante Lamego, 1480 - 3324-1107) e na própria bilheteria do CIC (Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600 - 3953-2300).

Quem estiver interessado em mais informações e até mesmo em estudar no Centro Musical, fique bem à vontade e ligue : 3024-0373 (Wagner Segura). Eu não só recomendo, como estarei lá. E tem mais...depois do show, o Grupo Bom Partido se apresenta no Café Matisse, no próprio ambiente do CIC e homenageia Noel Rosa. Esta quarta-feira promete muito.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Segunda-feira não tem trampo!

O pessoal tá sabendo que eu nem sei mais quando é dia de semana, ou quando é dia útil né? Como diz um amigo já aposentado como eu, "pra mim todo dia é sábado". Mas vale a pena lembrar que, na próxima segunda-feira, é feriado de Tiradentes. E olha que trata-se de uma raridade neste ano bissexto - um feriado emendado com o final de semana.

Pois é...aí eu recebo do meu amigo Antônio uma mensagem dizendo que, no domingo à noite, vamos ter uma apresentação no Jinga Bar, que fica na Lagoa da Conceição em Floripa, com gente da melhor qualidade. Vejam se não tenho razão. Maria Helena e o Grupo Samba Choro vão embalar a véspera de feriado, com canções dos seguintes compositores de samba e chorinho: Zé Kéti, Gonzaguinha, Roberto Ribeiro, Paulinho da Viola, Braguinha, Ataulfo Alves, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Noel Rosa, Cartola, Pixinguinha, Ari Barroso, Dorival Caymmi, Nelson Cavaquinho e Lupicínio Rodrigues, entre outros.

O Show é pra cantar, ouvir e dançar e começa às 22:30h, quer dizer, dá tempo de ver o futebol da tarde, e ainda comemorar a vitória do time do coração ou a derrota do rival. E não precisa acordar cedo no dia seguinte. Quer mais? Olha só quem acompanha a Maria Helena: Wágner Segura, no violão sete cordas, Chico Camargo, no cavaquinho, Aurélio no trombone e Dú na percussão.

Maria Helena é uma das melhores vozes de Floripa. Dona de um repertório fantástico da MPB, já gravou diversos trabalhos solo e há muito valoriza os compositores locais. Participa sempre de eventos da cidade e nos emociona sempre. Eu sou suspeito pra falar da Helena, até porque ela foi quem gravou as minhas primeiras canções e quem deu asas às minhas parcerias com o Elias Marujo, engordando nossa coleção de troféus em concursos de samba, e a coleção própria como melhor intérprete dos mesmos.

O Jinga Bar tem sido um ponto de encontro para quem curte o bom samba. Fica na Avenida das Rendieras, um pouco depois do Posto Policial da Lagoa da Conveição. Tem estacionamento próprio e, se você quiser reservar mesa, ligue para 3235-3637. Estaremos lá!

sábado, 12 de abril de 2008

Uma noite com Cartola

Num sábado, do ano de 1974 - eu ainda morava no Rio - lendo o Caderno B do Jornal do Brasil, interessei-me em ir a um show de João Nogueira, no Teatro Santa Rosa, no Rio. Na época, fazia sucesso nas rádios, o samba “Batendo a Porta”, parceria do João Nogueira com Paulo César Pinheiro, no qual o Joel do Nascimento fazia um solo de bandolim maravilhoso. Liguei pra namorada e combinamos o horário de ir. Morávamos na Tijuca (início da Zona Norte) e o Teatro Santa Rosa , que depois virou Discoteque - ficava em Ipanema (Zona Sul). Não tinha automóvel e tivemos que sair cedo para pegar o ônibus Usina-Leblon, linha 415, na Praça Saens Pena.

Ao chegarmos é que percebemos que um outro cantor e compositor dividiria o palco com o João Nogueira. Era Cartola. Eu tinha 19 anos e conhecia muito pouco sobre ele, porém sem nenhuma profundidade. Lembrava de algumas faixas cantadas por Paulinho da Viola. Na verdade, Cartola fazia umas poucas aparições neste show, apenas com um violão, que mais tarde, fiquei sabendo, nem lhe pertencia.

Ansioso por ouvir os sambas de João Nogueira, aos poucos fui me entusiasmando por belíssimas melodias apresentadas por aquele crioulo magrinho, do nariz preto, a mesma cor e tonalidade dos óculos escuros que usava. Uma forma singular de tocar o violão e de cantar fisgou o meu coração e o de minha namorada. Estávamos espantados. Gostávamos de samba e não conhecíamos bem aquele compositor. Mas o show era do João Nogueira!

Acabadas as apresentações resolvemos ir aos camarins e falar com Cartola. Para nosso espanto, imprensa e público tentavam chegar perto de João Nogueira, deixando aquele outro gênio ali, sozinho, livre para nos receber. Sua simplicidade nos encantou. Ele estava surpreso que um casal tão jovem o tivesse procurado após o show, que era do João Nogueira. Foi aí que soubemos que sua participação tinha sido uma camaradagem do João Nogueira, para que o Cartola recebesse algum, numa época de dificuldades. Incrível! O rosto triste, que percebêramos durante o show, deu lugar a uma nítida alegria, a um sorriso lindo!

Depois de verificar minhas finanças na carteira, resolvi convidar Cartola para um vinho na adega que ficava anexa ao teatro, pedindo dele apenas que levasse o violão. Mais um espanto: aquele violão da apresentação não era seu. Tomou-o emprestado de um músico que acompanhava o João Nogueira, e já o devolvera. Mas tomar o vinho ele topou. Deixei-o tomando os primeiros goles do "vinho da casa" e voltei para a Tijuca, de táxi, para pegar meu violão. Em uma hora estava de volta e já o encontrei sorridente. Nem foi preciso pedir...entreguei o violão em suas mãos e ele saiu tocando. Tinha 65 anos na oportunidade. Mas se não fosse o ar triste, exibido durante o show, não lhe daria mais que 50 anos. Descobrimos, depois que ele reafinou o pinho, que já conhecíamos várias músicas dele. Só não sabíamos quem era o compositor. “Alvorada”, “Amor Proibido” e “O Sol Nascerá” eram algumas destas.

Depois de muitas canecas de vinho e lindas canções, tomamos um táxi de volta, via Laranjeiras, onde o deixamos. Nem perguntei se morava lá ou se ainda ia “esticar” em outras paragens. Para nós ficou aquela sensação de termos passado uma ótima noite. Não fazíamos idéia do que tínhamos passado. Alguns meses depois, quando veio o reconhecimento e as gravações de Beth Carvalho, seus Discos e as aparições na TV é que eu me dei conta do ocorrido.

Fiquei com um autógrafo dado na minha caderneta de freqüência do Curso Hélio Alonso, onde fazia o pré-vestibular, que guardo até hoje e a felicidade de saber que, no violão acústico que até hoje toco, Cartola também tocou.

sábado, 5 de abril de 2008

Aviso Paroquial

É bem isso mesmo...também temos , no samba, os nossos avisos a dar, a sambistas em geral, e alguns em mais particular...é o caso dos compositores.
O Beloni, que integra e muito bem organiza a Velha Guarda da Escola de Samba Protegidos da Princesa, de Floripa, avisa que , até o próximo dia 10 de abril, estão abertas as inscrições para um concurso de samba de quadra, que acontecerá no dia 25 deste mesmo abril. Numa iniciativa das mais simpáticas, o certame é aberto aos compositores de samba, indepedentemente de filiação a alguma agremiação.
Tenho acompanhado o recente movimento das Velhas Guardas das Escolas de Florianópolis. Estão bem organizadas e promovendo encontros, saraus e apresentações. Se não estou enganado, a Embaixada Copa Lord, já há alguns anos, deu o pontapé inicial. Hoje as Velhas Guardas da Consulado e da Coloninha realizam diversos eventos. E agora este concurso de samba de quadra da Protegidos vem na mesma direção.
Aliás, onde stão so sambas de quadras? As Escolas precisam voltar a promover estes certames. Lembro-me que participei de vários concursos de meio de ano, nos promórdios da Consulado. Destes surgiram nomes como o da excelente cantora Maria Helena, e do compositor Bira Pernilongo, um dos maiores e mias bem inspirados da Ilha. Por onde andará Bira Pernilongo?
Os interessados no concurso precisam saber que o tema é "60 anos da Protegidos da Princesa". Masi informações com o Beloni, pelo telefone 48.9101-1688. Voltaremos ao tema próximo ao dia 25, quando rola o concurso.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Bom Partido homenageia a Clara Guerreira

Recebo convite para assistir ao show que o excelente Grupo Bom Partido, fará nesta quarta-feira, 02 de abril, lembrando os 25 anos sem a presença de Clara Nunes. A apresentação será às 22 horas no Café Matisse, anexo ao CIC - Centro Integrado de Cultura, em Floripa, e contará com a participação da cantora e pianista Denise de Castro

Mais uma oportunidade imperdível para quem está em Floripa. Afinal a mineira interpretava muito bem sambas dos grandes autores e abriu caminho para as vozes femininas no samba. A lembrança vem em boa hora. Foi no dia 02 de abril de 1983 que Clara Nunes nos deixou de forma tão prematura, aos 39 anos.

Agendem-se: Quarta, 22 horas, no Café Matisse: Bom Partido e Denise de Castro.

Monarco agradece ao público do Praça 11

No último domingo, enquando o Avaí quebrava um tabú de muitos anos, vencendo o Figueirense em seu estádio, o cantor e compositor Monarco fazia uma apresentação, "prá lá de emocionante", na Cervejaria e Restaurante Praça 11, em São José, região metropolitana de Florianópolis, SC.

Estive lá com os meus amigos do "Estamos Marcados" - um grupo de amigos que cultua o samba autêntico - e encontrei muita gente boa, como Maria Helena, Celinho da Copa Lord, Carlos e o pessoal do Bom Partido, amigos do Sambatuque e do Número Baixo.

Mestre Monarco e sua simpatia, fez muita gente cantar e se embalar com canções como "Tudo menos Amor", "Lenço", "Aquarela Brasileira", "Doce Melodia", e muitas outras que nem estavam planejadas, mas, como ele disse: "um samba leva a outro e esse pessoal da harmomia sabe tudo". Esse pessoal eram Wagner Segura, no violão sete cordas, Fernandinha, no cavaco, Thiago Larroyd no bandolim e mais os excelentes percursionistas e vozes do Grupo Bom Partido.

Monarco foi desfilando sucessos renomados e canções, até que nem tanto conhecidas do grande público, mas de melodias genialmente compostas por autores que precisamos conhecer mais. Chico Santana, Ratinho, Chatim, grandes mestres da Portela, ainda serão tema deste blog.

Não foi moleza não! Monarco ficou entusiasmado com o coral: "A platéia parecia integrar a apresentação...eles sabiam todos os sambas e entoavam na moral... ". De fato todo mundo participou e emprestou sua voz, especialmente o pessoal da Velha Guarda da Copa Lord, um show a parte dentro da apresentação.

Quem foi vivenciou momentos de puro samba. Monarco usava uma camisa em homenagem ao seu parceiro e amigo Chico Santana, que considera um dos maiores e mais inspirados compositores da Portela. "O Chico Santana era rápido e inspirado. O Hino da Velha Guarda da Portela é todo dele. Brincamos num dia sobre o tema e no dia seguinte tava pronto."
Fica o agradecimento à Prefeitura de São José que patrocinou o evento, ao Carlos do grupo Bom Partido que convidou o amigo Monarco e ao Amarildo do Praça 11, por nos proporcionar um domingo de muito samba, alegria e cultura popular.
No final o Monarco ainda agradecia a acolhida e o carinho do público. Poxa...nós é que agradecemos muito a sua simpatia e genialidade Monarco!