domingo, 23 de março de 2008

Há 61 anos nascia o Império Serrano

Neste 2008, tive o prazer e a oportunidade de assistir, na própria Sapucaí, minha Escola de Samba desfilando com garra até de baixo d’água e retomando seu lugar no Grupo Especial do Rio de Janeiro, para o carnaval de 2009. O Império Serrano, que hoje completa 61 anos de existência, mostrou novamente a “Pequena Notável” e foi a campeã do desfile de sábado. Aos prantos, amigos de mais de 40 anos atrás, se reencontraram na avenida e foram “pé-quentes” para a verde-e-branco de Vaz Lobo e Madureira, bairros do subúrbio do Rio.


Mas conheçam um pouco da história. O Império começou porque o “dono” da Escola Prazer da Serrinha, “pisou na bola” no carnaval de 46. Seu Alfredo, então presidente, determinou que a Escola cantasse e desfilasse, com um samba de terreiro antigo, apesar de toda a Serrinha – morro de base da comunidade - ter previamente ensaiado em sua quadra, o samba “Conferência de São Francisco”, de Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola. O resultado foi uma péssima colocação e a revolta geral da comunidade, já que a agremiação era a favorita ao título, justamente em função do samba-enredo. Capitaneados por Molequinho e sua família, o pessoal achou que era hora de fundar um nova Escola, cuja principal característica haveria de ser a democracia nas decisões.

Nasceu então, no dia 23 de março de 1947, na Rua Balaiada, no Morro da Serrinha , o Império Serrano, sob o signo da liberdade de expressão e da participação. Talvez por esta razão você nunca tenha ouvido falar de um patrono, de um dono – seja bicheiro, deputado ou traficante – identificado como o manda-chuva da Império Serrano. Lá são sócios, freqüentadores, admiradores e torcedores. É claro que a democracia tem um preço e os rumos do carnaval carioca se voltaram á necessidade de muita grana, recursos que uma escola de patronos manipula com muita mais facilidade.
O “menino de 47” veio ao mundo robusto e logo ganhou um tetra-campeonato do carnaval carioca (48,49, 50 e 51). Voltou a vencer em 1955 e 1956, e, depois de forma mais espaçada em 1960, 1972 e 1982. São dez títulos. Mas a sua maior importância não está nas glórias e sim nas influências que deixou através de seus ritmistas da bateria, cuja grande identificação de timbre e a utilização de muitos agogôs a diferem das demais, e da quantidade de grandes compositores surgidos na quadra da verde e branco de Madureira.

Saibam todos que a Império Serrano deu frutos como, além dos já citados, Silas de Oliveira, considerado o maior compositor de sambas-enredo de todos os tempos, e Mano Décio, Mestre Fuleiro, Aniceto , Aloísio Machado, Beto sem Braço, Roberto Ribeiro e Dona Ivone Lara, para citar apenas os mais conhecidos.

Sou imperiano desde 1971, motivado e influenciado pela alegria de um amigo de infância chamado Gustavo, que me fez prestar a atenção num desfile lindo em que a Escola mostrou o
Enredo “Nordeste, seu canto, sua gente e suas glórias”, com um samba maravilhoso e melódico, de autoria de Heitor Achiles, Maneco e Wilson Diabo. De lá pra cá acompanho a cada ano, seja em que grupo estiver, o meu Império Serrano, onde já tive a oportunidade de desfilar e de onde ganhei um apelido, graças a uma de suas costureiras. Até hoje alguns antigos amigos me chamam de “Grádio”.

A feijoada que ontem comemorou a data foi uma grande festa. Parabéns Império. Que em 2009, quando você abrir o desfile do Grupo Especial no carnaval carioca, tenhamos mais uma demonstração de nossa garra e amor pela Escola.

5 comentários:

Anônimo disse...

Foi também em 1971 que passei a me interessar por sambas de enredo. Também, pudera, a safra do ano foi das melhores. Mas embora tenha sido apresentado aos sambas do ano pelo Cláudio, não me tornei um torcedor do Império Serrano, não importa que seu samba sobre o Nordeste fosse belíssimo. Tornei-me torcedor do Salgueiro, embora eu considere seu samba de 1971 um dos piores que já tiveram a infelicidade de soar na avenida, “Festa para um rei negro”, de Zuzuca, mais conhecido como “pega no ganzê, pega no ganzá”. E o Salgueiro foi campeão! – deveria estar muito bom, para compensar “samba” tão fraco. Foi outra escola da Tijuca, também Império e também verde e branca, que garantiu o bom nome do bairro, com o belo “Misticismo da África no Brasil”. Não poderia então imaginar que, bem mais tarde, eu ouviria emocionado este samba desfilando pela Império da Tijuca, quando a bateria e o cantor “esquentavam” antes do início do desfile. Também deste ano é o inesquecível “Lapa em Três Tempos” (Ary do Cavaco – Rubens) da Portela. Mangueira falou dos Bandeirantes da aviação, a Vila falou do ouro mascavo, a Imperatriz falou de três barras (de ouro, de rio e de saia). Cada um melhor do que o outro. Ah, bons tempos... João

Anônimo disse...

Letícia, do Rio , nos escreve, a respeito do Blog:

Olá!! Adorei a iniciativa. Recentemente me despertou um interesse danado pelo samba e demais ritmos populares em evidência, especialmente, no Rio. Daí acompanhar o blog me será deveras interessante! Continue mandando novas!

Leticia RJ

Anônimo disse...

Didi, de Floripa, nos escreve:

Grande amigo,
Parabéns pelo blog, fiquei imaginando a sua emoção de estar vendo a verde e branco desfilando na avenida e ser campeã.
beijos
Didi

CLÁUDIO CALDAS disse...

Letícia,
O samba corre nas veias dos brasileiros e, especilamente, nos cariocas. Seu interesse pois, é natural. Grato pelo incentivo e volte sempre. Se precisar de dicas fique á vontade. Já tenho um acervo bom pra começar.
Beijos
Cláudio

CLÁUDIO CALDAS disse...

Didi,
Tenha a certeza que a emoção foi grande. Grato pela visita e volte sempre.
Cláudio Caldas