quarta-feira, 19 de março de 2008

Mauro Duarte: mineiro bom de samba

De nome assim você seria capaz de lembrar quem é Mauro Duarte? Mas e se eu cantarolasse pra você pérolas como Lama, Menino Deus, Canto das Três Raças, Serrinha e Portela na Avenida, sucessos retumbantes, na voz de Clara Nunes? Ah, certamente você lembraria. Pois é ... todos estes sucessos são de autoria de um mineiro, de Matias Barbosa, que viveu em Botafogo, no Rio e que, lamentavelmente , já foi pro "andar de cima", em 1989, com 59 anos.

O que me fez retomar a pesquisa sobre o Mauro Duarte foi saber que a Cristina Buarque lançou, com o Grupo Samba de Fato, um CD duplo com 30 canções, intitulado “O Samba informal de Mauro Duarte”. A iniciativa é de um dos integrantes do Samba de Fato, o Alfredo Del-Penho, baseado numa pesquisa feita pela própria Cristina , ajudada por Paulo César de Andrade, sobre a obra de Mauro. Da pesquisa resultaram outros tabalhos gravados, como mais recentemente, o de Mart’nália.

Quem ouve as faixas reconhece a marca inconfundível de Mauro: composições em tom menor, que sugerem uma certa tristeza, uma saudade. Mas a beleza de suas melodias – que eu já conhecia de um LP de 1985 chamado “Cristina Buarque e Mauro Duarte” – são dignas de referência. Daquela antiga bolacha eu gosto muito de “Sorri de mim”, parceria com Walter Alfaiate, seu vizinho do bairro de Botafogo. Aliás “Bolacha” era também o apelido de Mauro.

O “Samba de Fato” é um grupo que surgiu há três anos. Seus integrantes (Alfredo Del-Penho, Pedro Miranda, Paulino Dias e Pedro Amorim) são versáteis e cantam e tocam diversos instrumentos. Quem freqüenta a Lapa destes iniciais anos do século XXI, já teve o prazer de ouví-los por diversas vezes, uma vez que integram o circuito que fez renascer o samba autêntico no antigo bairro carioca.

Dos sambas deste CD duplo, 18 são inéditos e alguns até foram terminados por Paulo César Pinheiro, a partir de fitas encontradas no acervo pessoal do "Bolacha", seu parceiro maior, no ano de 2006. Uma outra canção do CD – Caprichosos de Pilares - foi feita em 1947 em homenagem a Escola de Samba de mesmo nome. Gostava das Escolas e homenageou várias agremiações. Mauro era visto nas quadras da São Clemente e da Estrela de Botafogo e não faltava a uma Roda de Samba do “Bip-Bip” em Copa. Eita mineirinho bom de samba hein?

Cláudio

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