terça-feira, 20 de maio de 2008

Sambistas de A a Z. É o Bom Partido ensinando...

Já falei algumas vezes do Grupo Bom Partido, de Floripa aqui no "Mora". Um pessoal , de grande qualidade, que resiste lindamente e insiste em mostrar e relembrar os bons sambas e os seus autores.

Nesta quarta-feira, dia 21, véspera do feriado, o Grupo Bom Partido faz uma apresentaçao muito interessante, relembrando diversos autores, nom show intitulado "Sambistas de A a Z". A curtição começa às 21 horas e será no Café Matisse, um anexo do Centro Integrado de Cultura, ali na Beira-Mar Norte.


Ja´imaginaram a responsa do Grupo ? O repertório é bem variado, e inclui , desde Adoniran Barbosa, sambista paulista consagrado, ao Zé Kéti, um dos maiores sambistas que o Rio já produziu. E aí a coisa extrapola o samba, passa pelo maxixxxe, marcha-rancho, ijexá, etc...Quem gosta de samba ainda vai se surpreender em saber de quem são algumas pérolas tão cantarolas por ái. É uma antiga lacuna no nosso amado Brasil...os autores não são reconhecidos..os intérpretes ainda tiram uma onda.. mas os compositores.....tái mais uma boa do show: um pouco de história e reconhecimento.

O Bom Partido é formado por Jandira (voz), Júlia (voz), Josiane (voz), Fernanda da Silveira (cavaco), Thiago Laroyd (violão), Dôga (percussão) e Bidu (percussão). O incansável Carlos Raulino é grande mentor, idealizador, divulgador, batalhador - tem mais alguma profissão terminada em "or" por aí? - do Bom Partido. Ele semrpe abre o seu celular para qualquer infrmação adicional...então fiquem á vontade...9991-3218.

Mais uma dica do Mora...é só conferir e depois me dizer...

terça-feira, 13 de maio de 2008

Uma Rosa no Meu Jardim

Moçada,

Na sexta-feira agora, dia 16 de maio, às 21h no Teatro Álvaro de Carvalho, em Florianóoplis, acontece mais um show do CD "Uma Rosa no Meu Jardim", uma homenagem ao compositor Elias Marujo, meu parceiro. O Elias é o responsável por dar vida a algumas de minhas canções. Certamente se não fosse a sua parceria, a sua insistência em acreditar na minha capacidade de realizar sambas, eu não teria algum reconhecimento nesta área.

No show você poderá curtir todas as canções do CD, entre elas "Deixa que Te Ame", Tons e Sons" e "Sem se perder", todas com a minha participação na co-autoria.

Quem já viu o show em outras oportunidades gostou muito, em razão da qualidade dos arranjos, a cargo do Wagner Segura, e das paritipações especiais de músicos como o Luis Meira, guitarrista que acompanha Gal Costa. Entre os intérpretes estão a Maria Helena, o Jeisson Dias, Leleco Lemos, Márcio Martins e Raquel.

Gostaria muito que vc. prestigiasse o evento. Sabe quanto vai custar o ingresso? Apenas R$ 10,00. No local o CD estará à venda. O trabalho está espetacular. Não dá pra ter modéstia neste caso. Até porque minha contribuição foi pequena. Mas os arranjos, as interpretações e o resultado da produção é excelente mesmo.

Repito...

Local: Teatro Álvaro de Carvalho, no Centro de Floripa
Quando: próxima sexta-feira, dia 16 de maio
Hora: 21 horas
Ingressos: R$ 10,00

Um grande abraço e grato por divulgar por aí o evento, entre seus amigos.

Cláudio Caldas

domingo, 4 de maio de 2008

Estamos Marcados

Muitos dos leitores deste espaço sabem da existência do “Estamos Marcados”. Mas como já tenho, Graças a Deus, muitos leitores do “Mora na Filosofia”, hoje registro o que é, e como surgiu o “Estamos Marcados”. Quem não sabia dessa vai gostar da história.

Já fiz referência aqui, no primeiro post do Blog, a um certo domingo do ano 2004, quando “surtei” e voltei a me interessar muito pelo samba. Fruto também daquele “surto”, tive vontade de voltar a tocar violão, e participar de rodas de samba, regadas a cervejas geladas e alguns beliscos ou um daqueles deliciosos pratos típicos que acompanham o samba. A idéia evoluiu e imaginei juntar alguns amigos, não necessariamente músicos, mas amigos ligados pelo coração, para formar um grupo que curtisse o bom samba. Lembrei de um nome aqui, um outro ali e fui convidando para a idéia.

Já era 2005 quando chamei cada um destes amigos, para tomarmos uma cerveja – oportunidade onde discutiríamos a possibilidade de colocar em prática esta deliciosa idéia de, reunir um grupo de amigos para tocar samba, pelo menos uma vez por mês. Sugeri o nome do grupo em razão de perceber que todos gostavam muito de Paulinho da Viola, e este ter uma canção, pouco conhecida, chamada “Estou Marcado”. Um belo samba cuja letra fazia referência a um amor que ficou marcado. Era a nossa senha. Estaríamos marcados para nos ver uma vez por mês e cantar belos sambas. Surgia o “Estamos Marcados” .

Inicialmente os elementos do grupo eram quase todos do local onde eu trabalhava. Eu estaria no violão, Júnior, no cavaquinho, Fabiano, no pandeiro, Taniguchi, no tan-tan e a Susana, que sabe muitos sambas, nos vocais. Em seguidas chamamos o Gustavo, para marcar no tamborim. E foi assim que nos reunimos, pela primeira vez, na casa do Fabiano, com nossas famílias, latas de cervejas e uma carninha no fogo. O resultado foi fantástico e emocionante.
Este foi só início da emoção...de lá pra cá mantemos a tradição de, pelo menos uma vez por mês, nos reunirmos...outro dia falo mais desta idéia e como este grupo de amigos cresceu...

Aos Marcados que me leêm , peço que me ajudem a contar este início de nossa história com seus comentários....

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O show do Mestre Wágner Segura

Pouco tempo depois que passei a viver em Floripa, tive o prazer de estudar cavaquinho com o Mestre Zequinha, que tinha uma Escola de Música, ali na Rua Padre Roma, quase na Rio Branco, em Floripa. Lamentavelmente não lembro o ano, mas creio que foi entre 1983 e 1984. Ali conheci, mas sem ter tido contato pessoal, Wágner Segura. Um violonista que fazia o "sete cordas" nos grupos de chorinho de Floripa, na época.

Passados alguns anos, com meu ingresso na Escola de Samba Consulado, em 1986, tive um maior contato com ele que sempre estava à frente da parte dos arranjos e apresentações dos concursos de samba, promovidos pela Escola. Com o tempo fomos ficando amigos e mais ligados. Foi o responsável pelo belíssimo arranjo da primeira gravação da canção "Deixa que te Ame", na voz de Maria Helena. A canção é uma parceira minha com o Elias Marujo e foi vencedora de um concurso de samba de quadra da Consulado em 1989. Lembro que desta gravação também participou o tecladista Maurício, que já integrou o Grupo Expresso e mais recentemente, o Eletric Circus, e que lamentavelmente nos já nos deixou , vítima de um câncer de pele.
Wágner e´um instrumentista caprichoso e que sempre esteve envolvido com a divulgação da música e a promoção de espetáculos de qualidade em Floripa. Já realizou arranjos de inúmeros trabalhos gravados por muitos artistas locais e sempre é chamado a acompanhar os grandes nomes nacionais que aportam por aqui , nas suas apresentações. Já fui a vários shows cuja responsabilidade musical estava a seu cargo. Sempre a mesma segurança, o mesmo capricho nos arranjos e execuções. Um grande músico, enfim!

Quem tem o cd "Uma Rosa no Meu Jardim" sempre elogia os arranjos das canções, três delas com participações minhas na parceira com o Elias Marujo . Pois saibam que todos aqueles belíssimos arranjos são de autoria do Wágner Segura.

Além de tudo isso, dedica-se, no seu dia-a-dia a formação de novos talentos, através do Centro Musical Wagner Segura. Eu mesmo estudo lá agora, nesta minha nova fase de aposentado. Não serei jamais um talento, mas já engano direitinho, dizem por aí....

Gostaria de convidar a moçada do Blog a ver e ouvir este talento num show que vai rolar na próxima quarta-feira, dia 30 de abril, no Teatro do CIC, em Floripa. No ano passado seu show foi um espetáculo que contou até com dançarinos de tango. Para este , intitulado "Encontro", o mestre Wágner ensaia peças de diversos gêneros musicais, tais como choro, samba, frevo, tango e clássicos de compositores como Villa Lobos, Pixinguinha, Jacob do Bandolin, Piazzola, Cartola e Baden Powell, entre outros. Participam do show, também, diversos músicos da cidade como Bebê (acordeon), Joel (sax), Janet (voz), e artistas da dança.

O ingresso custa R$28,00 e pode ser adquirido na Fruta Flor (Rua Arno Hoeschl, 243 - tel.: 3225-0175), Calcanhar de Aquiles (Travessa Stodieck, 34 - 3223-5543), Essstrondo (Rua Almirante Lamego, 1480 - 3324-1107) e na própria bilheteria do CIC (Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600 - 3953-2300).

Quem estiver interessado em mais informações e até mesmo em estudar no Centro Musical, fique bem à vontade e ligue : 3024-0373 (Wagner Segura). Eu não só recomendo, como estarei lá. E tem mais...depois do show, o Grupo Bom Partido se apresenta no Café Matisse, no próprio ambiente do CIC e homenageia Noel Rosa. Esta quarta-feira promete muito.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Segunda-feira não tem trampo!

O pessoal tá sabendo que eu nem sei mais quando é dia de semana, ou quando é dia útil né? Como diz um amigo já aposentado como eu, "pra mim todo dia é sábado". Mas vale a pena lembrar que, na próxima segunda-feira, é feriado de Tiradentes. E olha que trata-se de uma raridade neste ano bissexto - um feriado emendado com o final de semana.

Pois é...aí eu recebo do meu amigo Antônio uma mensagem dizendo que, no domingo à noite, vamos ter uma apresentação no Jinga Bar, que fica na Lagoa da Conceição em Floripa, com gente da melhor qualidade. Vejam se não tenho razão. Maria Helena e o Grupo Samba Choro vão embalar a véspera de feriado, com canções dos seguintes compositores de samba e chorinho: Zé Kéti, Gonzaguinha, Roberto Ribeiro, Paulinho da Viola, Braguinha, Ataulfo Alves, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Noel Rosa, Cartola, Pixinguinha, Ari Barroso, Dorival Caymmi, Nelson Cavaquinho e Lupicínio Rodrigues, entre outros.

O Show é pra cantar, ouvir e dançar e começa às 22:30h, quer dizer, dá tempo de ver o futebol da tarde, e ainda comemorar a vitória do time do coração ou a derrota do rival. E não precisa acordar cedo no dia seguinte. Quer mais? Olha só quem acompanha a Maria Helena: Wágner Segura, no violão sete cordas, Chico Camargo, no cavaquinho, Aurélio no trombone e Dú na percussão.

Maria Helena é uma das melhores vozes de Floripa. Dona de um repertório fantástico da MPB, já gravou diversos trabalhos solo e há muito valoriza os compositores locais. Participa sempre de eventos da cidade e nos emociona sempre. Eu sou suspeito pra falar da Helena, até porque ela foi quem gravou as minhas primeiras canções e quem deu asas às minhas parcerias com o Elias Marujo, engordando nossa coleção de troféus em concursos de samba, e a coleção própria como melhor intérprete dos mesmos.

O Jinga Bar tem sido um ponto de encontro para quem curte o bom samba. Fica na Avenida das Rendieras, um pouco depois do Posto Policial da Lagoa da Conveição. Tem estacionamento próprio e, se você quiser reservar mesa, ligue para 3235-3637. Estaremos lá!

sábado, 12 de abril de 2008

Uma noite com Cartola

Num sábado, do ano de 1974 - eu ainda morava no Rio - lendo o Caderno B do Jornal do Brasil, interessei-me em ir a um show de João Nogueira, no Teatro Santa Rosa, no Rio. Na época, fazia sucesso nas rádios, o samba “Batendo a Porta”, parceria do João Nogueira com Paulo César Pinheiro, no qual o Joel do Nascimento fazia um solo de bandolim maravilhoso. Liguei pra namorada e combinamos o horário de ir. Morávamos na Tijuca (início da Zona Norte) e o Teatro Santa Rosa , que depois virou Discoteque - ficava em Ipanema (Zona Sul). Não tinha automóvel e tivemos que sair cedo para pegar o ônibus Usina-Leblon, linha 415, na Praça Saens Pena.

Ao chegarmos é que percebemos que um outro cantor e compositor dividiria o palco com o João Nogueira. Era Cartola. Eu tinha 19 anos e conhecia muito pouco sobre ele, porém sem nenhuma profundidade. Lembrava de algumas faixas cantadas por Paulinho da Viola. Na verdade, Cartola fazia umas poucas aparições neste show, apenas com um violão, que mais tarde, fiquei sabendo, nem lhe pertencia.

Ansioso por ouvir os sambas de João Nogueira, aos poucos fui me entusiasmando por belíssimas melodias apresentadas por aquele crioulo magrinho, do nariz preto, a mesma cor e tonalidade dos óculos escuros que usava. Uma forma singular de tocar o violão e de cantar fisgou o meu coração e o de minha namorada. Estávamos espantados. Gostávamos de samba e não conhecíamos bem aquele compositor. Mas o show era do João Nogueira!

Acabadas as apresentações resolvemos ir aos camarins e falar com Cartola. Para nosso espanto, imprensa e público tentavam chegar perto de João Nogueira, deixando aquele outro gênio ali, sozinho, livre para nos receber. Sua simplicidade nos encantou. Ele estava surpreso que um casal tão jovem o tivesse procurado após o show, que era do João Nogueira. Foi aí que soubemos que sua participação tinha sido uma camaradagem do João Nogueira, para que o Cartola recebesse algum, numa época de dificuldades. Incrível! O rosto triste, que percebêramos durante o show, deu lugar a uma nítida alegria, a um sorriso lindo!

Depois de verificar minhas finanças na carteira, resolvi convidar Cartola para um vinho na adega que ficava anexa ao teatro, pedindo dele apenas que levasse o violão. Mais um espanto: aquele violão da apresentação não era seu. Tomou-o emprestado de um músico que acompanhava o João Nogueira, e já o devolvera. Mas tomar o vinho ele topou. Deixei-o tomando os primeiros goles do "vinho da casa" e voltei para a Tijuca, de táxi, para pegar meu violão. Em uma hora estava de volta e já o encontrei sorridente. Nem foi preciso pedir...entreguei o violão em suas mãos e ele saiu tocando. Tinha 65 anos na oportunidade. Mas se não fosse o ar triste, exibido durante o show, não lhe daria mais que 50 anos. Descobrimos, depois que ele reafinou o pinho, que já conhecíamos várias músicas dele. Só não sabíamos quem era o compositor. “Alvorada”, “Amor Proibido” e “O Sol Nascerá” eram algumas destas.

Depois de muitas canecas de vinho e lindas canções, tomamos um táxi de volta, via Laranjeiras, onde o deixamos. Nem perguntei se morava lá ou se ainda ia “esticar” em outras paragens. Para nós ficou aquela sensação de termos passado uma ótima noite. Não fazíamos idéia do que tínhamos passado. Alguns meses depois, quando veio o reconhecimento e as gravações de Beth Carvalho, seus Discos e as aparições na TV é que eu me dei conta do ocorrido.

Fiquei com um autógrafo dado na minha caderneta de freqüência do Curso Hélio Alonso, onde fazia o pré-vestibular, que guardo até hoje e a felicidade de saber que, no violão acústico que até hoje toco, Cartola também tocou.

sábado, 5 de abril de 2008

Aviso Paroquial

É bem isso mesmo...também temos , no samba, os nossos avisos a dar, a sambistas em geral, e alguns em mais particular...é o caso dos compositores.
O Beloni, que integra e muito bem organiza a Velha Guarda da Escola de Samba Protegidos da Princesa, de Floripa, avisa que , até o próximo dia 10 de abril, estão abertas as inscrições para um concurso de samba de quadra, que acontecerá no dia 25 deste mesmo abril. Numa iniciativa das mais simpáticas, o certame é aberto aos compositores de samba, indepedentemente de filiação a alguma agremiação.
Tenho acompanhado o recente movimento das Velhas Guardas das Escolas de Florianópolis. Estão bem organizadas e promovendo encontros, saraus e apresentações. Se não estou enganado, a Embaixada Copa Lord, já há alguns anos, deu o pontapé inicial. Hoje as Velhas Guardas da Consulado e da Coloninha realizam diversos eventos. E agora este concurso de samba de quadra da Protegidos vem na mesma direção.
Aliás, onde stão so sambas de quadras? As Escolas precisam voltar a promover estes certames. Lembro-me que participei de vários concursos de meio de ano, nos promórdios da Consulado. Destes surgiram nomes como o da excelente cantora Maria Helena, e do compositor Bira Pernilongo, um dos maiores e mias bem inspirados da Ilha. Por onde andará Bira Pernilongo?
Os interessados no concurso precisam saber que o tema é "60 anos da Protegidos da Princesa". Masi informações com o Beloni, pelo telefone 48.9101-1688. Voltaremos ao tema próximo ao dia 25, quando rola o concurso.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Bom Partido homenageia a Clara Guerreira

Recebo convite para assistir ao show que o excelente Grupo Bom Partido, fará nesta quarta-feira, 02 de abril, lembrando os 25 anos sem a presença de Clara Nunes. A apresentação será às 22 horas no Café Matisse, anexo ao CIC - Centro Integrado de Cultura, em Floripa, e contará com a participação da cantora e pianista Denise de Castro

Mais uma oportunidade imperdível para quem está em Floripa. Afinal a mineira interpretava muito bem sambas dos grandes autores e abriu caminho para as vozes femininas no samba. A lembrança vem em boa hora. Foi no dia 02 de abril de 1983 que Clara Nunes nos deixou de forma tão prematura, aos 39 anos.

Agendem-se: Quarta, 22 horas, no Café Matisse: Bom Partido e Denise de Castro.

Monarco agradece ao público do Praça 11

No último domingo, enquando o Avaí quebrava um tabú de muitos anos, vencendo o Figueirense em seu estádio, o cantor e compositor Monarco fazia uma apresentação, "prá lá de emocionante", na Cervejaria e Restaurante Praça 11, em São José, região metropolitana de Florianópolis, SC.

Estive lá com os meus amigos do "Estamos Marcados" - um grupo de amigos que cultua o samba autêntico - e encontrei muita gente boa, como Maria Helena, Celinho da Copa Lord, Carlos e o pessoal do Bom Partido, amigos do Sambatuque e do Número Baixo.

Mestre Monarco e sua simpatia, fez muita gente cantar e se embalar com canções como "Tudo menos Amor", "Lenço", "Aquarela Brasileira", "Doce Melodia", e muitas outras que nem estavam planejadas, mas, como ele disse: "um samba leva a outro e esse pessoal da harmomia sabe tudo". Esse pessoal eram Wagner Segura, no violão sete cordas, Fernandinha, no cavaco, Thiago Larroyd no bandolim e mais os excelentes percursionistas e vozes do Grupo Bom Partido.

Monarco foi desfilando sucessos renomados e canções, até que nem tanto conhecidas do grande público, mas de melodias genialmente compostas por autores que precisamos conhecer mais. Chico Santana, Ratinho, Chatim, grandes mestres da Portela, ainda serão tema deste blog.

Não foi moleza não! Monarco ficou entusiasmado com o coral: "A platéia parecia integrar a apresentação...eles sabiam todos os sambas e entoavam na moral... ". De fato todo mundo participou e emprestou sua voz, especialmente o pessoal da Velha Guarda da Copa Lord, um show a parte dentro da apresentação.

Quem foi vivenciou momentos de puro samba. Monarco usava uma camisa em homenagem ao seu parceiro e amigo Chico Santana, que considera um dos maiores e mais inspirados compositores da Portela. "O Chico Santana era rápido e inspirado. O Hino da Velha Guarda da Portela é todo dele. Brincamos num dia sobre o tema e no dia seguinte tava pronto."
Fica o agradecimento à Prefeitura de São José que patrocinou o evento, ao Carlos do grupo Bom Partido que convidou o amigo Monarco e ao Amarildo do Praça 11, por nos proporcionar um domingo de muito samba, alegria e cultura popular.
No final o Monarco ainda agradecia a acolhida e o carinho do público. Poxa...nós é que agradecemos muito a sua simpatia e genialidade Monarco!

sexta-feira, 28 de março de 2008

Monarco em Floripa e Terreiro Grande no Rio

O público que acompanha o Blog é constituído, basicamente, por amigos do Rio e de Floripa. Por esta razão faço questão de dar duas dicas para o fim de semana. Mas são atrações imperdíveis. Portanto, agendem-se e não percam a oportunidade.

No Rio, tem o grupo Terreiro Grande, de São Paulo. Seus integrantes são amigos oriundos do Grêmio Recreativo Tradição e Pesquisa Morro da Pedras que estudam - como eu gosto desta palavra no samba - e pesquisam sambas pouco conhecidos, com o objetivo de homenagear grandes nomes do samba autêntico. Recentemente convidaram Cristina Buarque para juntos, pesquizarem os grandes compositores da Portela e outras Escolas do Rio, e realizarem um trabalho. Do resultado emergiu um CD maravilhoso, gravado ao vivo, do show realizado no Teatro Fecap, em 2007. No repertório, pérolas de Alvaiade, Chico Santana, Paulo da Portela, Monarco, Candeia, Mimjinha, Zé Keti e outros - todos genias autores do samba autêntico. Sou apaixonado por este CD que realizou, concretizou e sintetiza todo o sentimento de "estudo" que me envolve utlimamente, sobre o samba. É a vertente da nova Lapa que, como uma "corrente" dentro da política do samba, exalta e promove um tipo de samba diferente daquela outra "corrente" iniciada em 1980, no Cacique de Ramos. Particulamente, integro esta corrente. A que estuda, a que pesquisa e a que produz novos sambas, mas naquele estilo.

Pois então...neste final de semana o Terreiro Grande e a eterna batalhadora Cristina Buarque, se apresentam na sexta e sábado, na sala Baden Powel, em Copacabana , no Rio, às 20, a R$ 20,00 o ingresso. No domingo eles vão para o "Mal do Século" um casa nova da Lapa, também no Rio, a partir das 17h, com ingressos a R$ 15,00.

Já o pessoal de Floripa tem a rara oportunidade de curtir Monarco, no domingo, no Praça XI, localizado na Praia Comprida em São José. A promoção integra as comemorações de aniversário da cidade vizinha a Floripa, e rola a partir do meio-dia, com a apresentação de diversos grupos locais, entre eles o Número Baixo e o excelente Bom Partido, que vai acompanhar, junto com Wagner Segura, o grande Monarco da Portela. A entrada é franca.

No repertório a ser apresentado por Monarco, estão, entre outros sambas, "Tudo Menos Amor", "Doce Melodia", "De Paulo a Paulinho" e "Passado de Glória", razão pela qual estarei lá me deliciando e curtindo a presença do mestre.

Dois programas que não dá pra perder. E pensar que custam nada ou quase nada. No caso do show do Monarco, a lamentar apenas o fato de a divulgação ser bastante precária. Apenas o site da prefeitura de São José está chamando para a apresentação do Praça XI, no domingo. Creio que se fosse o pessoal do "Liga pra mim..." chato e comercial...tinha holofote em cima.



terça-feira, 25 de março de 2008

Humor na Tristeza

Afirma mestre Vinicius que “pra fazer um samba com beleza / é preciso um bocado de tristeza”. E como tal afirmativa vem acompanhada de uma melodia daquelas que só brotavam do violão maior de Baden Powell, quem é que não vai acreditar? Mas se a tristeza é companheira do samba, deve ser adversária do sambista, pois o mesmo Vinícius, no mesmo “Samba da Bênção”, afirma que “é melhor ser alegre que ser triste”. Então, assim como Garrincha driblava o jogador adversário, o sambista dribla a tristeza, seja transformando-a em samba, seja com a sabedoria instintiva dos simples e bem vividos.

Nara Leão morreu de um tumor no cérebro. Isso sabemos agora. Desde que o problema foi diagnosticado até o desenlace, Nara, com a dignidade absoluta que lhe era peculiar, manteve segredo, nem seus amigos íntimos souberam. O primeiro sintoma, que a fez procurar um neurologista, foi um desmaio que sofreu em pleno banho. Com a queda, ela se feriu levemente, além de levar muito tempo para recuperar plenamente a lucidez. Após os exames, ainda hospitalizada, eis que Nara recebe flores de Vinicius acompanhadas de um bilhete: “Quando você tiver de cair, caia por cima de mim, caia por cima de mim...” O Poetinha citava, lá a seu modo, os versos de “O que é que a baiana tem”, de Caymmi: “Quando você se requebrar, caia por cima de mim, caia por cima de mim”. Impossível que Nara não tenha sorrido com a brincadeira.

Outra história de pessoa acamada envolve Ary Barroso e Antônio Maria. Sempre houve entre os dois uma longa discussão sobre “Ninguém me ama”, o grande sucesso de Antônio Maria, um samba-canção que Ary insistia que tinha de ser classificado como bolero. Indo Antônio Maria visitar Ary Barroso em seu leito de morte no hospital, recebe do paciente um estranho pedido: “Me faz um favor, canta ‘Aquarela do Brasil’.” Emocionado, Antônio Maria canta por inteiro o famoso samba. Ary, então, retruca: “Agora me pede para cantar ‘Ninguém me Ama’.” Intrigado, Antônio Maria faz o pedido. E Ary Barroso, numa vingança derradeira, afirma ao amigo: “Eu não sei.”

Si non é vero, é bene trovatto, afirma a expressão italiana. Sérgio Cabral garante que a cena
descrita acima não se passou no hospital, mas sim nas mesas da Cantina Sorrento, em Copacabana. Mas a versão que eu contei é muito mais saborosa. Aliás, tanto a historinha da Nara quanto a de Ary Barroso eu li nas biografias dos dois que o Sérgio Cabral (o pai, frise-se) escreveu. São livros imperdíveis para quem se interessa por música popular brasileira. E, por falar nisso, cá pra nós, “Ninguém me Ama” é mesmo um tremendo bolero...

João Daltro

domingo, 23 de março de 2008

Há 61 anos nascia o Império Serrano

Neste 2008, tive o prazer e a oportunidade de assistir, na própria Sapucaí, minha Escola de Samba desfilando com garra até de baixo d’água e retomando seu lugar no Grupo Especial do Rio de Janeiro, para o carnaval de 2009. O Império Serrano, que hoje completa 61 anos de existência, mostrou novamente a “Pequena Notável” e foi a campeã do desfile de sábado. Aos prantos, amigos de mais de 40 anos atrás, se reencontraram na avenida e foram “pé-quentes” para a verde-e-branco de Vaz Lobo e Madureira, bairros do subúrbio do Rio.


Mas conheçam um pouco da história. O Império começou porque o “dono” da Escola Prazer da Serrinha, “pisou na bola” no carnaval de 46. Seu Alfredo, então presidente, determinou que a Escola cantasse e desfilasse, com um samba de terreiro antigo, apesar de toda a Serrinha – morro de base da comunidade - ter previamente ensaiado em sua quadra, o samba “Conferência de São Francisco”, de Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola. O resultado foi uma péssima colocação e a revolta geral da comunidade, já que a agremiação era a favorita ao título, justamente em função do samba-enredo. Capitaneados por Molequinho e sua família, o pessoal achou que era hora de fundar um nova Escola, cuja principal característica haveria de ser a democracia nas decisões.

Nasceu então, no dia 23 de março de 1947, na Rua Balaiada, no Morro da Serrinha , o Império Serrano, sob o signo da liberdade de expressão e da participação. Talvez por esta razão você nunca tenha ouvido falar de um patrono, de um dono – seja bicheiro, deputado ou traficante – identificado como o manda-chuva da Império Serrano. Lá são sócios, freqüentadores, admiradores e torcedores. É claro que a democracia tem um preço e os rumos do carnaval carioca se voltaram á necessidade de muita grana, recursos que uma escola de patronos manipula com muita mais facilidade.
O “menino de 47” veio ao mundo robusto e logo ganhou um tetra-campeonato do carnaval carioca (48,49, 50 e 51). Voltou a vencer em 1955 e 1956, e, depois de forma mais espaçada em 1960, 1972 e 1982. São dez títulos. Mas a sua maior importância não está nas glórias e sim nas influências que deixou através de seus ritmistas da bateria, cuja grande identificação de timbre e a utilização de muitos agogôs a diferem das demais, e da quantidade de grandes compositores surgidos na quadra da verde e branco de Madureira.

Saibam todos que a Império Serrano deu frutos como, além dos já citados, Silas de Oliveira, considerado o maior compositor de sambas-enredo de todos os tempos, e Mano Décio, Mestre Fuleiro, Aniceto , Aloísio Machado, Beto sem Braço, Roberto Ribeiro e Dona Ivone Lara, para citar apenas os mais conhecidos.

Sou imperiano desde 1971, motivado e influenciado pela alegria de um amigo de infância chamado Gustavo, que me fez prestar a atenção num desfile lindo em que a Escola mostrou o
Enredo “Nordeste, seu canto, sua gente e suas glórias”, com um samba maravilhoso e melódico, de autoria de Heitor Achiles, Maneco e Wilson Diabo. De lá pra cá acompanho a cada ano, seja em que grupo estiver, o meu Império Serrano, onde já tive a oportunidade de desfilar e de onde ganhei um apelido, graças a uma de suas costureiras. Até hoje alguns antigos amigos me chamam de “Grádio”.

A feijoada que ontem comemorou a data foi uma grande festa. Parabéns Império. Que em 2009, quando você abrir o desfile do Grupo Especial no carnaval carioca, tenhamos mais uma demonstração de nossa garra e amor pela Escola.

sexta-feira, 21 de março de 2008

O Samba nasceu na Bahia?

Será mesmo que o samba nasceu lá na Bahia? Esta é uma discussão antiga. Uma das versões mais repetidas na literatura disponível, dá conta que o samba nasceu da mistura de estruturas musicais trazidas da Europa pelos colonizadores, e do ritmo introduzido aqui pelos escravos, negros vindos da África. O pensamento segue a linha que, no fim do século XIX, abolida a escravatura, e esgotado o ciclo do café, ex-escravos vindos da região paulista do Vale do Rio Paraíba, juntaram-se, nos morros do Rio de Janeiro - então capital do País –, com os negros fugidos da Bahia e do Nordeste, das guerras regionais, tais como Canudos.

Daí, as modinhas e polcas misturaram-se com os lundus, umbigadas e batuques, gerando os maxixes, marchas, choros e o próprio samba, que passaram a ser ouvidos, ainda no século XIX, em muitos pontos da cidade do Rio de Janeiro. A Bahia entra na história porque a casa de baianas como Ciata, Amélia e Perciliana,, foram referências de encontros dos músicos e batuqueiros negros da época. Todas baianas, Tia Perciliana é mãe de João da Baihana, exímio ritmista, e Tia Amélia é mãe do chorão e sambista Donga. Para se ter uma idéia da importância destas baianas, registremos apenas que até hoje são reverenciadas através das exuberantes “Alas de Baianas”, nos desfiles das Escolas de Samba do Rio.

Penso eu que o samba pode até ter nascido na Bahia. Mas só ganhou a estrutura que hoje apreciamos e a fama que ultrapassa as fronteiras do País, no Rio. Lá, quando se “urbanizou” na fervilhante metrópole carioca, influenciado por muito mais acontecimentos e culturas, exibiu o humor, a graça e o alegre viver do carioca, ganhando a força e a riqueza que tem até hoje. E como diz o sambista Nélson Sargento, o samba, por vezes, “agoniza, mas não morre”. Atualmente está “bombando”. Graças a Deus!

Neste início de século XXI, o samba está forte e recebe, diariamente, o prestígio de milhares de jovens no Rio e em São Paulo. Dezenas de "Rodas" participativas estão ocorrendo nas duas cidades, revelando muitos novos talentos e dando luz`ao velho ritmo. A procura é tanta que é preciso reservar lugar com antecedência para freqüentar as casas de shows no bairro da Lapa, no Rio, ou as rodas de sambas concorridas de Santo Amaro e adjacências, em São Paulo.

E na Bahia? Será que o samba tem o mesmo brilho nos dias atuais? Pois então..., onde dizem que o samba nasceu, imperam hoje o “pagode e axé”. O samba da Bahia e seus artistas estão na sombra, lamentando e pedindo apoio para mostrar-se aos jovens da “Boa Terra”. Renomados sambistas como Chocolate e Roque Ferreira, fixados em Salvador, não encontram a mesma acolhida que cariocas e paulistas hoje dão a obras de Batatinha e Riachão, baluartes do samba baiano, nas noites animadas.

Alguns outros sambistas baianos estão com “o boi na sombra”, como diz o Zeca Pagodinho, ao referir-se àqueles que não precisam correr tanto atrás contratos e ganham o suficiente para seu sustento. É que circulando no eixo Rio-São Paulo sempre são chamados a participar de shows. É o caso de Nelson Rufino, parceiro de Noca da Portela, Jorge Aragão e Martinho da Vila, cujos sambas continuam em evidência, interpretados pelos grupos de samba de sucesso no momento. É também o caso do baiano Délcio Carvalho, parceiro de 35 anos de Dona Ivone Lara, que comemora a data com um show em Niterói , neste final de semana.

Insistente, Edil Pacheco, compositor baiano de samba autêntico que continua em Salvador, já tenta reconstruir, nas quintas-feiras, no Campo Grande, o mesmo clima de alegria e sucesso da Lapa carioca. Torçamos para que o “fervo” ocorra mesmo e, também na terra onde acredita-se ter nascido o samba, o maravilhoso ritmo ganhe o espaço que merece. Salve o samba brasileiro!

quarta-feira, 19 de março de 2008

Mauro Duarte: mineiro bom de samba

De nome assim você seria capaz de lembrar quem é Mauro Duarte? Mas e se eu cantarolasse pra você pérolas como Lama, Menino Deus, Canto das Três Raças, Serrinha e Portela na Avenida, sucessos retumbantes, na voz de Clara Nunes? Ah, certamente você lembraria. Pois é ... todos estes sucessos são de autoria de um mineiro, de Matias Barbosa, que viveu em Botafogo, no Rio e que, lamentavelmente , já foi pro "andar de cima", em 1989, com 59 anos.

O que me fez retomar a pesquisa sobre o Mauro Duarte foi saber que a Cristina Buarque lançou, com o Grupo Samba de Fato, um CD duplo com 30 canções, intitulado “O Samba informal de Mauro Duarte”. A iniciativa é de um dos integrantes do Samba de Fato, o Alfredo Del-Penho, baseado numa pesquisa feita pela própria Cristina , ajudada por Paulo César de Andrade, sobre a obra de Mauro. Da pesquisa resultaram outros tabalhos gravados, como mais recentemente, o de Mart’nália.

Quem ouve as faixas reconhece a marca inconfundível de Mauro: composições em tom menor, que sugerem uma certa tristeza, uma saudade. Mas a beleza de suas melodias – que eu já conhecia de um LP de 1985 chamado “Cristina Buarque e Mauro Duarte” – são dignas de referência. Daquela antiga bolacha eu gosto muito de “Sorri de mim”, parceria com Walter Alfaiate, seu vizinho do bairro de Botafogo. Aliás “Bolacha” era também o apelido de Mauro.

O “Samba de Fato” é um grupo que surgiu há três anos. Seus integrantes (Alfredo Del-Penho, Pedro Miranda, Paulino Dias e Pedro Amorim) são versáteis e cantam e tocam diversos instrumentos. Quem freqüenta a Lapa destes iniciais anos do século XXI, já teve o prazer de ouví-los por diversas vezes, uma vez que integram o circuito que fez renascer o samba autêntico no antigo bairro carioca.

Dos sambas deste CD duplo, 18 são inéditos e alguns até foram terminados por Paulo César Pinheiro, a partir de fitas encontradas no acervo pessoal do "Bolacha", seu parceiro maior, no ano de 2006. Uma outra canção do CD – Caprichosos de Pilares - foi feita em 1947 em homenagem a Escola de Samba de mesmo nome. Gostava das Escolas e homenageou várias agremiações. Mauro era visto nas quadras da São Clemente e da Estrela de Botafogo e não faltava a uma Roda de Samba do “Bip-Bip” em Copa. Eita mineirinho bom de samba hein?

Cláudio

segunda-feira, 17 de março de 2008

Viola de Lereno

O que tem a ver o blog Mora na Filosofia com a Viola de Lereno? E por falar nisso, quem é esse tal de Lereno?

Bem, Lereno, infelizmente, não é, foi. Foi um carioca chamado Domingos Caldas Barbosa, nascido em 1740, primeiro astro da posteriormente chamada MPB. Depois de pontificar em tertúlias no Porto, na corte de Lisboa e no Rio, Domingos quis ser lembrado como poeta sério e publicou a coletânea de versos chamada “Viola de Lereno”, adotando um nome pastoril, como era costume entre os poetas de então. Mas o Domingos gostava mesmo era da gandaia. Foi estudar em Coimbra, desistiu, preferiu ficar apenas na companhia dos estudantes e dos homens ditos sérios que, nas tavernas e nos salões, tocavam a viola, o machete, a guitarra, e cantavam amores, veros ou imaginados, entre copos de variados teores alcoólicos.

O mulato Domingos fez nome. Mereceu até citação em poema de Bocage, outro poeta mais do que chegado a uma noitada alegre. Bocage o criticou, claro, temia a concorrência. Pois as modinhas e os lundus de Domingos enfeitiçavam a todos que os ouviam, principalmente às suspirosas moçoilas. Como é que um sujeito pardo, vindo da barbárie da colônia, podia suplantar os versejadores da Corte? É, ele suplantava. Depois de ensinar aos reinóis como fazer música que agradasse ao povo, voltou para o Rio de Janeiro e se esbaldou. Na sua obra está uma das raízes de nossa música popular, misturando as almas lusa e africana, no cenário da alegria carioca.

Como este blog pertence a um outro Caldas, que também se dedica a dedilhar nas cordas a alma carioca, achei bom lembrar, logo de início, que os cantadores do Rio são uma família antiga, muito antiga, que nunca pára de crescer. É isso.

João

Nota do blogueiro: João Daltro é carioca, salgueirense e reside na Praia Brava, em Floripa.

domingo, 16 de março de 2008

E não é que o "Mora na Filosofia" virou Blog?

Moçada,

Em dezembro de 2004 "surtei" ao ter o primeiro contato com o Grupo "Sementes" e Teresa Cristina num programa da TV Educativa, num domingo que não prometia muito. Era samba autêntico e eu não conhecia. Mas como? Daquele momento para cá a vontade de pesquisar, tocar e respirar o samba autêntico só cresceu.

Na época, comecei a escrever algumas linhas sobre samba, assunto que me dominava e me fascinava e que continua "me dando pilha", num sítio da internet. A este espaço cibernético dei o nome de "Mora na Filosofia". Pois bem, agora me veio a vontade de continuar a defesa e a divulgação do samba autêntico. Como o Blog tem sido uma moderna forma de comunicação, recomeço de onde parei, em 2005, mas agora através de um blog.
Aqui vamos tratar do bom samba, aquele que chamo de autêntico. Os comentários e contribuições serão muito bem-vindos. Boa leitura e viva o samba!
Cláudio Caldas